quarta-feira, 29 de abril de 2020

O QUE APRENDEMOS ALÉM DA SALA DE AULA?





            Neste tempo de reclusão social tenho refletido sobre quais aprendizagens todos faremos com as mudanças inseridas em nosso cotidiano. Pais e filhos, antes regulados na convivência corrida a noite durante a semana, cada qual com suas atividades, agora tem a oportunidade de se aproximar de uma forma inédita nas famílias. Temos a chance de rever qual é o papel de cada um diariamente : desde o acordar até o adormecer a vida segue uma sequência de momentos dentro da casa .
            Da mesma forma a rotina de estudo passou a ser feita a distância através da orientação virtual dos professores. Todas as experiências são chances de aprendizagem e de olhar para a Vida sob outro ângulo... Resgatar momentos de maior proximidade entre a família é uma oportunidade ímpar de nos reconhecermos como aprendizes e ensinantes
            Há situações de aprendizagem formal que os pais não conseguem dar conta, pois não são professores. Esta condição deve ser reconhecida com tranquilidade ,sem excessos e culpa. Terão a chance de revisitar seu lugar de estudante... Reconhecer dúvidas, pesquisar, pedir ajuda ao Google... São exercícios e exemplos válidos para os filhos observarem que só aprendemos quando se reconhece que não sabemos tudo...
            Inúmeras outras situações de aprendizagem “informal” poderão ser reintroduzidas nas famílias e são tão importantes quanto as acadêmicas: arrumar a cama, limpar o banheiro, lavar a louça, organizar armários, cozinhar, tocar um Instrumento, praticar jardinagem, dançar, fazer ginástica, ouvir novas músicas,escrever um diário , fazer um vídeo semanal, montar quebra cabeças, aprender artesanato, ler contos de fada para as crianças, decorar uma poesia juntos ,entre tantas outras experiências válidas e de verdadeira e genuína aprendizagem. Quantas histórias teremos para contar...
            A escola certamente fará uma revalidação da importância de experiência prática e interativa para o ensino. Ver sentido de cada trabalho em grupo e com experiências práticas para construir conceitos. As relações e vínculos na escola serão revalorizados e cada encontro terá significado profundo na prática educativa.
            Organizar o tempo e priorizar os gastos acredito que serão outras práticas transformadas após esta quarentena. Podemos ver com olhos realistas que o consumo pode ser proporcionalmente inverso à nossa felicidade. Ter menos e Ser mais. A Felicidade está relacionada a experiências vividas, pois estas nos constituem sujeitos da nossa história e pessoas reais que podem compartilhar com as gerações futuras as lições aprendidas.
            Quanto precisamos para viver?
            Como queremos viver?
            Quais metas estabelecemos?
            Quais sonhos idealizamos?

            Os vínculos afetivos dentro da família e com os amigos serão ressignificados.
            A Fé vai nos ajudar a ter resiliência e perseverança nestes dias em casa.
            A Criatividade pode nos impulsionar a novos projetos de vida.
            A Consciência sobre a importância da nossa saúde física e emocional será ampliada.
            A Gratidão pode ser a força motriz de vencer cada dia.
            A Crise vai nos levar a RESSIGNIFICAR a VIDA...

Sigamos em frente.
 Enfrente!

Anelise Carvalho
Abril de 2020




sexta-feira, 2 de março de 2018

                        Os novos desafios da Aprendizagem no século XXI

                Vivemos em um mundo globalizado onde a informação e a comunicação "on line" interferem diretamente na forma de  conviver, pensar e aprender. Cada vez mais precocemente as crianças entram em contato com o mundo virtual, que, por sua vez, pode atrair mais a  sua atenção do que o mundo real...                 
                Neste cenário também temos observado uma mudança na forma de convivência das famílias atuais: através de grupos em redes sociais , se organizam festas de aniversário, eventos e comunicações que anteriormente eram feitas "ao vivo e a cores" nos almoços de domingo na casa dos avós...Crianças ganham seu telefone celular cada vez mais cedo, aos 5 ou 6 anos e já estão "conectadas".                     
                 As escolas também se utilizam desta conectividade a serviço da comunicação entre pais e professores, o que em alguns contextos, tem causado uma indiferenciação dos limites na atuação de cada um... O que deveria ser uma ferramenta útil para apoiar a aprendizagem acaba por causar situações,  não raras as vezes,conflituosas na convivências entre as pessoas .
                 Pensar que impacto a intensidade de ação deste mundo virtual pode estar causando no processo de aprendizagem tem sido objeto de estudo de educadores, neurocientistas, professores,psicólogos e psicopedagogos pelo mundo afora. O desenvolvimento infantil, seja no âmbito cognitivo ou emocional, mantem padrões de décadas atrás. Porém, na aprendizagem a escola tem sido obrigada a modificar suas técnicas de ensino. Fala-se de "escola do futuro", entretanto, este futuro é agora: nossas crianças e adolescentes já nasceram em um mundo informatizado e conectado. É preciso então, com urgência  refletir para equilibrar a prática educativa, tanto no âmbito escolar como familiar.
               As tarefas relacionadas a educação formal escolar continuam sendo muito parecidas nos últimos  50 anos, porém, a sociedade em tem solicitado muitas diferentes competências, relacionadas ao raciocínio lógico, compreensão leitora e habilidades sócio-emocionais, na medida em que a questão do conteúdo e da informação está muito disponível "on line".. Aos professores e alunos cabe aprimorar o uso das ferramentas de tecnologia serviço da Aprendizagem e do desenvolvimento de autoria do pensamento.
               O gosto pela leitura é um exemplo de aprendizagem fundamental que a escola e a família devem priorizar, em tempos de alunos poliglotas e internautas. Esta aprendizagem está ligada ao convívio e ao vínculo afetivo: lemos algo que "alguém " escreveu...escrevemos algo para "alguém" ler... As histórias se constroem a partir das pessoas e não das máquinas... Então é possível afirmar que algumas aprendizagens só se consolidam na interação entre as pessoas. O vínculo professor/aluno e aluno /aluno sempre serão insubstituíveis. Podemos usar aplicativos e programas de computador que ajudem no  treino e exercício de aprendizagem , mas apenas alcançarão o nível técnico. A gosto e o prazer se constroem através da interação entre pessoas e pelo vínculo afetivo. A graça e a leveza da poesia , por exemplo, se apreendem através da interpretação de um leitor que inspira as crianças ao contar histórias em forma de rima, ao compor músicas que fazem sentido no dia a dia. A sensibilidade das palavras ajuda na construção da subjetividade de cada ser humano. No século XIX Freud já dizia que o discurso e a fala organizam o espaço mental do ser humano...quem dirá hoje em dia onde tantas imagens invadem nossas vidas...
            Um outro aspecto importante se refere a Aprendizagem na área da  Matemática: em tempos de jogos digitais e cartões eletrônicos, o uso de cálculo mental e dados para jogos de tabuleiro vem sendo cada vez menos utilizados pelas crianças e adolescentes no cotidiano. Se por um lado se desenvolvem novas habilidades como atenção concentrada e destreza manual, se perdem o treino e a fixação de cálculo mental por estimativa e decomposição. As crianças se habituam a fazer contas pela calculadora digital e a escola precisa se dedicar a inserir o exercício no dia a dia. Como dizia o filósofo Confúcio , no século IX a.C. : " o que eu ouço, esqueço...o que eu vejo, lembro...mas é fazendo que eu aprendo". O exercício como forma de consolidação das aprendizagens da Matemática continua sendo fundamental no Ensino Fundamental.
                     Enfim, como atualizar a escola e o ensino neste mundo do século XXI?Como compreender e otimizar o processo de Aprendizagem nestes tempos tecnológicos?
                Esta é uma pergunta em constante processo de reflexão... Importante considerar sempre que o ser humano aprende a ser HUMANO na convivência e no vínculo. Seja em uma tribo no meio da floresta, uma cidadezinha do interior de Minas ou em grandes metrópoles como São Paulo , as crianças e as famílias vão se construindo a partir do entrelaçamento de histórias de vida. Os padrões culturais e sociais interferem no funcionamento da sociedade e a escola deve fazer parte deste constante "pensar" sobre como é viver em tempos de pós-modernidade. Continuemos nesta busca....






sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Oração de São Francisco

Senhor,
Fazei de mim um instrumento de vossa Paz.
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
Ó Mestre,
fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando, que se recebe.
Perdoando, que se é perdoado e
é morrendo, que se vive para a vida eterna!
Amém



domingo, 22 de março de 2015

Outono de 2015

Mudança de Estação: a natureza muda o ar, os animais mudam os hábitos e os dias vão ficando mais curtos...As noites mais frescas e o clima propicia o olhar para dentro... As folhas da árvores caem sugerindo renovação, fim de estação e preparo para novas sementes. Analogia com o nosso processo humano: há tempos de recolhimento e de renovação. As perguntas são: o que a vida pede que renovemos? A Páscoa  também acontece neste tempo de outono, não por acaso...Ressurreição, Vida Nova. Tempo de arar a terra e jogar novas sementes que vão amadurecer no inverno e florescer na Primavera.
A vida segue ciclos que nos ensinam a sabedoria da Mãe Natureza. Saibamos ouvir e respeitar estes ciclos. Vamos sempre produzir frutos e flores lindas! A vida segue....

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Mais um Natal....

Lembro-me da minha infância quando chega o mês de dezembro: cheiro de férias, de festas no ar....época de reencontrar primas e primos, avós e a família grande toda junta na ceia de Natal. Os anos vão passando, a maturidade e a vida vão trazendo novos desafios: criar filho, desenvolver  novos projetos profissionais e realizar sonhos antigos...Cuidar da casa, iluminar com luzinhas de Natal, ouvir músicas ao badalar do sino das Igrejas...
O Natal ganha um significado mais profundo: estar comigo mesma, olhar para dentro e rever o que se foi, sonhar o que será.... Gosto desta atitude e deste clima que se instala no Natal.Não aprecio a busca frenética por presentes e a correria das duas últimas semanas do ano. Procuro olhar para este tempo como uma possibilidade que o Calendário nos oferece  de meditar e desacelerar...estar junto dos amigos e da família que fizeram parte essencial na vida em mais uma etapa cumprida.  Tempo de renovar nosso desejos como dizia Drummond:

DESEJOS

Desejo a vocês...

Fruto do mato 
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
muito carinho meu.


Feliz Natal!
Feliz 2015!

Anelise

domingo, 22 de setembro de 2013

CICLOS DE CRESCIMENTO



A família , pais e filhos, vão construindo juntos vínculos e experiências em cada fase da vida, os quais tem suas características de prazer e de desafio ao crescimento.
Ser apenas um casal sem filhos traz uma liberdade de horários e de escolhas que nem sempre depois da chegada de um bebê se tem...Então nasce a família: pai, mãe e filho.Todos precisam de descentrar de si mesmos para conviver e enfrentar cada etapa e desafio que vida traz.
A alegria de cada conquista do pequeno ser faz pai e mãe vibrarem com seu filho! Eles também vão se reconhecendo no filho e se conhecendo enquanto pais...
A vida passa e os filhos crescem.A adolescência revira ao avesso todos estes lugares e papéis: pais e filhos tem que crescer juntos novamente e enfrentar a responsabilidade da vida adulta e do envelhecimento simultâneo a ambos....
Os ciclos tem sua beleza e suas dores.A alegria e a frustração de se perder para ganhar....
A vida é bela, e mais belo ainda é pode pertencer a uma família que proporciona a todos o amadurecimento, tal qual a lagarta que passa pelo casulo para voar livre como borboleta.....
Aceitemos este desafio!
Boa primavera a todos!
Anelise
22/09/2013

sábado, 24 de novembro de 2012

Adolescência: mudança e crescimento


Já dizia Shakespeare, em 1870: “Gostaria que não houvesse idade alguma entre os 16 e os 23 anos, ou que os jovens dormissem todo esse tempo...” A perspectiva histórica dos fatos pode, muitas vezes, nos ensinar ou servir de conforto __ boa parte da humanidade já passou por dificuldades semelhantes e...sobreviveu!
   A adolescência se caracteriza por ser um período de transformações e, seria improvável que dentro do grupo família as mudanças em um dos seus não se refletisse nas relações e na dinâmica familiar. Tanto é que muitos de nós já ouviram dos jovens: “ Meus pais estão insuportáveis!”
   O processo de adolescer inicia-se com a puberdade__ aproximadamente entre 9 e 11 anos __ quando os hormônios entram em cena. Nesse período desencadeiam-se mudanças não apenas no corpo, mas principalmente , mudanças nas formas de pensar, sentir, de se relacionar e de comportar-se diante do mundo. São sentimentos ambivalentes e intensos __ amor e ódio, euforia e depressão, comportamentos infantis se alternam com momentos mais amadurecidos. Parece haver um estado constante de luta entre forças antagônicas: uma que impulsiona para a vida adulta e outra que seduz com os privilégios da infância. Não raro os adolescentes gostariam de permanecer com o lado confortável dos dois momentos: ser criança e adulto quando lhes fosse conveniente.
   Esse constante movimento pendular que faz com que o adolescente ora seja uma criança, ora um adulto, se estende a todas as situações, na busca de um papel a ser desempenhado no “teatro da vida”. Aquele menino agressivo em casa pode ser amável com os pais do amigo.; o valente no jogo é tímido nas festas; aquela que nunca organizou seu quarto se dispõe facilmente a colaborar com a mãe da amiga na casa de praia. Na realidade os adolescentes estão, sem que tenham consciência disso,, experimentando identidades até que consigam___ algum tempo mais tarde ___ construir a sua.
   A confusão de papéis que os jovens experimentam nessa época, suas contradições e ambivalência fazem com que esse período seja também doloroso. Alguns estudiosos falam na “dor do luto” : luto pela perda do corpo e da identidade infantil e ainda pelos pais da época de criança ___ aqueles que se pareciam com o super – homem e que agora eles percebem como seres humanos.
   E como geralmente a palavra antecede a ação , o adolescente ensaia ser alguém, desenvolvendo um discurso muito afiado. Discute com os pais, se contrapõe a eles, questionando tudo .Faz uma crítica constante e, ás vezes, os ofende e aborrece. Esses choques diários podem instalar na família um clima de desconforto e afastamento prejudicial a todos.
   Ser pais de filhos adolescentes é um exercício diário de paciência, flexibilidade e reflexão. Requer que se tenha clareza e consciência do seu papel fundamental junto ao amadurecimento dos filhos. A aparente crueldade das críticas não é um ato de desamor e sim a procura de auto afirmar-se como pessoa.
   É preciso que os pais não recebam a fala dos filhos adolescentes como uma declaração da inutilidade de tudo o que fizeram por eles. Há muito ainda a ser feito, sobretudo suportar esse período com equilíbrio e consciência de princípios. Eles ainda precisam dos cuidados, da proteção, da atenção, dos limites, da autoridade e da moralidade, que só quem ama pode oferecer. Caso contrário, poderão, enganosamente, experimentar o papel de “todo poderosos “ para sempre!
   A estrada é longa, a tarefa é árdua. Podemos , porém, como pais, experimentar amadurecer com eles.